Brincar às guerras, vacina provavelmente contra a guerra. Viver a guerra dentro de si, sem a brincar, origina provavelmente as pessoas da guerra.
— Branco, 2000
 

A saúde mental do adulto conquista-se na infância, uma vez que os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento sócio-afetivo da pessoa e para a formação da sua personalidade.

É habitual que os pais se perguntem se um determinado comportamento da criança é normal ou patológico. Despistar inquietações e preocupações, procurando entender o que se está a passar e intervindo é investir na saúde mental dos mais novos e indiretamente promover uma cultura de bem-estar, progresso e esperança!

Alguns motivos para marcar uma consulta

  • Dificuldades relacionadas com o sono (pesadelos, insónias, medo de dormir sozinho);

  • Dificuldades de aprendizagem (insucesso, desmotivação, desatenção);

  • Dificuldades na alimentação (recusa alimentar, compulsão alimentar);

  • Problemas de comportamento (hiperatividade, impulsividade, agressividade);

  • Dificuldade na interação com os colegas e/ou isolamento;

  • Tristeza, apatia e indiferença;

  • Medos e ansiedade;

  • Interação perturbada com as figuras de autoridade;

  • Atraso na aquisição das competências escolares.

Benefícios das psicoterapias com crianças

  • Intervenções atempadas podem minimizar o risco de agravamento e instalação de uma psicopatologia mais grave e complexa;

  • Quanto mais cedo se inicia a psicoterapia, maior a probabilidade da criança retomar o seu desenvolvimento emocional, cognitivo e social e de se conseguir a diminuição do seu sofrimento;

  • Contribuem para a construção de um futuro adulto com melhores recursos emocionais e maior capacidade de gerir a relação consigo e com os outros.

Como funciona a psicoterapia com crianças?

  • Primeira consulta: O psicoterapeuta recebe a criança e os pais para conhecer os motivos que os preocupam e  recolher alguns elementos da história pessoal e familiar da criança.

  • Consultas de observação: Habitualmente 4 sessões de interação com a criança para averiguar se as dificuldades apresentadas são apenas uma etapa normal do seu desenvolvimento (e se apresenta recursos para ultrapassar esta fase) ou se se confirma uma problemática que requer intervenção terapêutica.

  • Devolução de resultados:  O psicoterapeuta partilha com os pais e com a criança os resultados da observação inicial. Podem ser desde logo sugeridas algumas estratégias, informando-os sobre a necessidade (ou não) de realização de uma psicoterapia.

  • Sessões de Psicoterapia: O trabalho com os mais pequenos  será sobretudo desenvolvido através do jogo e da brincadeira, pois é a forma de exprimirem  aquilo que não é facilmente acessível pela linguagem (afetos, medos, pensamentos, sonhos, experiências, fantasias).

O que esperar do psicoterapeuta com a criança?

O papel do psicoterapeuta é ajudar a criança a descobrir as suas emoções, necessidades e potencialidades, e a expressá-las de forma mais ajustada.

A criação de uma relação de confiança em que a criança se sinta livre de exprimir completamente os seus sentimentos, é condição fundamental para o sucesso da psicoterapia e retoma do desenvolvimento saudável.

Quem participa?

Sendo o paciente a criança, a interação é maioritariamente estabelecida com ela (exceção feita nas idades até aos 3 anos). No entanto, é necessário um enquadramento inicial por parte da família, para que a criança se sinta bem e segura. Além disso, os pais/ principais cuidadores têm o dever e o direito de saber como evolui a terapia em linhas muito gerais e por vezes é necessário trabalhar alguns temas da relação, pelo que proponho pontos de situação regulares com a família.  

Qual a duração das sessões?

Excetuando a primeira consulta, que pode ter uma duração de entre 50 a 90 minutos, as sessões têm a duração de 45 a 50 minutos.

Quanto tempo dura a psicoterapia com crianças?

A duração da psicoterapia com crianças é muito variável. É diferente em função da problemática em causa, do perfil psicológico da criança, da velocidade com que conseguimos identificar a origem do bloqueio, e da facilidade de integração de novas estratégias pela criança e pelo meio familiar que a sustenta.