Adultos
Procurar ajuda e decidir fazer uma psicoterapia é sinal de fraqueza?
Antes pelo contrário, é sinal de grande coragem, maturidade e esperança. Por muito fortes que sejamos, resistentes e lutadores na “arena da vida”, há alturas em que nos sentimos verdadeiramente em sofrimento. Assumir pontualmente essa fragilidade e agir em conformidade não deve ser razão de vergonha e antes motivo de orgulho. A história foi o que foi, fizemos o que podíamos com os recursos de que dispúnhamos, nas circunstâncias em que vivemos e dadas as oportunidades que surgiram. Querer analisar e aprender com os erros para evitar repeti-los é sinal de força, ousadia e inteligência.
Porque é que os amigos e/ou familiares, mesmo aqueles com quem temos grande intimidade e confiança, não substituem um processo de Psicoterapia?
Os amigos e família tenderão a dar opiniões e conselhos que são pessoais, de acordo com os seus valores e história de vida. Já um psicoterapeuta é uma pessoa imparcial, que não emitirá opiniões nem juízos de valor. Com base no seu treino profissional, na capacidade de escuta ativa e na relação empática que desenvolverá consigo, fomentará um espaço único à compreensão das dificuldades presentes e à criação conjunta de soluções.
Enquanto a partilha com um amigo ou familiar poderá ser um momento de apoio/ suporte, a psicoterapia assume-se como um processo de verdadeira transformação relacional e promoção de mudança. Um amigo ou elemento familiar pode sugerir soluções, enquanto que um psicólogo ajuda a desenvolver recursos que conduzem aos objetivos pretendidos.
Tudo o que falar numa sessão de psicoterapia é confidencial?
Os psicólogos clínicos desenvolvem a sua atividade enquadrada num código de ética e deontologia profissional que obriga a condições rigorosas de sigilo e confidencialidade. As únicas exceções à regra constituem-se quando os atos do cliente se possam configurar como um perigo para si próprio ou para terceiros, ou quando puder estar em perigo face a terceiros. No entanto, sempre que sentirmos importante, a confidencialidade e as suas limitações poderão ser discutidas com o psicoterapeuta.
A Psicoterapia é um processo muito caro?
Depende! Por um lado, para que a prática clínica seja responsável e de qualidade, é requerido um investimento de formação profissional contínua que se reflete nos honorários. Por outro, tendo em conta que estes processos nos permitem viver e organizar a vida de forma a não necessitar de recorrer novamente a outros tratamentos, ou a necessidade crónica de medicação, o investimento inicial compensará a longo prazo.
Quais os mitos sobre a Psicoterapia – que me impedem de começar o processo – e que eu devo conhecer?
MITO: A psicoterapia resume-se a deitar-se num divã a falar de traumas infantis que explicam os sentimentos atuais. REALIDADE: Compreender e explorar o passado infantil faz parte, mas o nosso intuito é abrir a possibilidade ao futuro, com produção de sonhos, projetos e inovação.
MITO: O psicoterapeuta é uma pessoa que resolverá os conflitos do paciente sem que este último faça qualquer tipo de esforço. REALIDADE: A responsabilização, investimento e implicação do paciente é fundamental; caso contrário, estaríamos a aumentar sua dependência e passividade.
MITO: O psicoterapeuta é um agente passivo da terapia que se limita a ouvir. REALIDADE: O psicoterapeuta implica-se e envolve-se com a problemática do paciente, com uma atitude emocionalmente vivida, atenta, genuína, clarificadora e interpretativa.
A Psicoterapia só é indicada para quem tem uma patologia mental?
Não. Este processo pode ajudar qualquer pessoa em determinados momentos da vida, não implicando necessariamente sentimentos de tristeza ou ansiedade (conscientes).
Então, quais os benefícios de fazer uma Psicoterapia?
Alivia o sofrimento oferecendo uns novos óculos com que se olha o mundo e os nossos problemas;
Protege a nossa saúde emocional, ajudando a compreender melhor as emoções;
Convida a sair da nossa zona de conforto e a gerir áreas de incerteza com mais calma e segurança;
Ajuda a criar distância dos problemas e vê-los através de uma perspetiva melhor;
Permite conhecer melhor as nossas diversas características;
Ajuda a “limpar” a mente e permite ver as coisas importantes da vida;
Favorece a autoconsciência e sermos mais compreensivos connosco próprios;
Reforça a auto-estima e a saúde mental, prevenindo possíveis colapsos.
Será útil partilhar com o psicoterapeuta algo que me tenha desagradado na sessão ou na relação que estabelecemos?
Sim! A relação psicoterapêutica é, antes de tudo, uma relação entre duas pessoas. Neste sentido, a personalidade do psicoterapeuta é determinante para o "encaixe" consigo. Se existir algo no comportamento do psicoterapeuta que lhe causa uma reação de menor à-vontade, deverá falar com ele e investigar em conjunto os motivos desse seu incómodo.
Tive um imprevisto e percebo que não posso ir a uma sessão de psicoterapia que já estava marcada, o que será mais adequado fazer?
Se não puder ir a uma sessão que já estava marcada deve avisar o psicoterapeuta com a maior antecedência possível. Se for possível, irá ser-lhe proposta uma outra hora e dia para repor a sessão em falta. Caso não seja possível encontrarem um horário alternativo, quer por impossibilidade sua ou do psicoterapeuta, a consulta não será realizada e será ou não cobrada consoante o tempo que der de pré-aviso.
Porque é que é tão importante respeitar o ritmo das sessões?
A escassa frequência ou a intermitência de sessões, motivadas por faltas frequentes (que não inclui imprevistos pontuais de parte a parte - somos humanos!) não permite um suficiente aprofundar do processo, com tudo o que comporta de menor recolha de informação relevante, menor à vontade e abertura na relação com o psicoterapeuta e consequente atraso do verdadeiro processo de reparação e mudança.
É possível estimar quantas consultas vou precisar para mudar a minha vida?
Infelizmente não. Nos sistemas complexos de variáveis múltiplas, independentes e interdependentes – como as condições atmosféricas ou a psicoterapia – a mudança ocorre de uma forma não linear, pelo que não se consegue prever o momento exato em que ocorrerá nem a forma específica que tomará, além de que esta é uma equação muito variável de pessoa para pessoa. Contudo, ainda que seja requerido um longo investimento no processo, os resultados serão duradouros e consistentes para a vida.
Como sei que a psicoterapia chegou ao fim?
Quando já não sofremos, no aqui e agora, as influências e consequências de relações distorcidas do nosso passado. Quando nos sentimos conscientes de um conhecimento mais objetivo da nossa realidade interna e circunstancial e fazemos uso dela, através de uma maior autonomia e liberdade de ação. Quando a relação prazenteira e construtiva com o mundo real toma completa e definitivamente o lugar da relação terapêutica, que por sua vez se esgota, porque desnecessária.
A cura não significa invencibilidade, isto é, não garante que não voltaremos a ter problemas. Talvez tenhamos é mais hipóteses de lhes sobreviver, de os ultrapassar de forma positiva e continuar o nosso caminho na aventura da vida, mais autênticos, resilientes e com capacidade de dar a volta por cima face aos “golpes” do destino, auto-sustentados para “voar” sozinhos.
Crianças e Adolescentes (adaptado de Agulhas & Alexandre, 2018)
Qual o papel do Psicólogo ?
O Psicólogo é alguém com quem podes falar sobre o que pensas, sentes e te preocupa. Ajuda-te a encontrar soluções mas não os resolve os problemas por ti. Precisa da tua ajuda para trabalharem em equipa.
Os Psicólogos lêem os nossos pensamentos ?
Não. Ninguém consegue ler os pensamentos das outras pessoas. Os psicólogos fazem perguntas para tentarem perceber o que pensas e sentes.
E conseguem adivinhar o futuro?
Não, não conseguem. Ajudam a perceber como és agora e ajudar a tomar decisões que podem ser importantes para o teu futuro.
Será que são como bons amigos?
Não, apesar de te poderes sentir à vontade como um bom amigo, dá-te uma atenção única sem críticas, procurando ouvir-te, compreender-te e ajudar-te de uma forma diferente.
Guardam segredo de tudo o que lhes contamos?
Na maior parte das vezes sim, mas depende do que contares. As únicas exceções são situações que te possam pôr em risco a ti ou a outras pessoas. Nesse caso o psicólogo pode ter de falar com outras pessoas para te poder ajudar, mas falará sempre contigo primeiro e nunca às tuas escondidas.
O Psicólogo só fala comigo ou também com outras pessoas?
Tu és a pessoa mais importante para o psicólogo, mas também pode ser útil falar com os teus pais, outros familiares que te conheçam bem ou professores/ educadores. Só será partilhado o que for estritamente necessário, o resto fica entre ti e o psicólogo.
E vai obrigar-me a falar?
Ninguém te obriga a falar. Falas o que quiseres, quando quiseres, como quiseres. O Psicólogo tem tempo para ti e pode até pedir para fazeres um desenho, jogar um jogo, ou mesmo brincar, porque isso pode ajudar a falar melhor sobre o que te preocupa.
O Psicólogo também faz testes como na escola?
É diferente. Mesmo que o Psicólogo te peça para fazer testes, estes não têm uma nota para passar ou reprovar. Apenas servem para te conhecer, perceber os teus pontos fortes e onde podes precisar de ajuda.
O Psicólogo vai dizer-me o que fazer para resolver os meus problemas?
Não diz o que fazer, nem tem soluções mágicas ou receitas que sirvam para todas as crianças. Mas ajuda-te a pensar e a conhecer o que sentes. Nem sempre é fácil e pode levar algum tempo, mas existem vários materiais (material de desenho, jogos e brinquedos) que podem ajudar neste processo.
Para Pais de Crianças em Terapia
É normal e expectável que o meu filho brinque nas sessões de Psicoterapia?
Sim! As crianças não têm o mesmo acesso à linguagem e à comunicação verbal que os adultos e utilizam o brincar como forma de expressão. Assim, o tipo de brincadeiras que escolhem, informa-nos acerca da problemática da criança e é, em si mesmo, terapêutico, ao permitir à criança exprimir-se, compreender-se e experimentar diferentes formas de lidar com os seus conflitos, medos e angustias.
Mas é um brincar igual ao de casa e da escola?
Pode ter a mesma forma/apresentação, mas é-lhe dada a possibilidade de um desfecho diferente. Ao recriar as suas problemáticas e frustrações no contexto da terapia, a criança vai, em conjunto com o/a psicoterapeuta, centrar-se nas questões emocionais, com objetivo de uma maior compreensão de si, dos seus comportamentos, sentimentos e atitudes. Enquanto psicoterapeutas, somos sensíveis ao que a criança diz e faz, colocamos limites e refletimos os seus sentimentos, mas não conduzimos a criança nem a sua brincadeira.
Quanto tempo demora o processo terapêutico com crianças?
Tal como nos adultos, é um processo que depende de inúmeros fatores, mas geralmente quanto mais recentes são os sintomas apresentados pela criança, menos tempo demorará a terapia.
Como é que eu, como pai ou mãe estarei envolvido?
O envolvimento parental é essencial, sobretudo na flexibilidade para incorporar algumas sugestões do(a) psicoterapeuta. Sem esta colaboração, poderão existir condições inadequadas na dinâmica familiar que se mantêm e que dificultam o progresso terapêutico. Para este fim, existirão reuniões periódicas com os pais trimestrais ou quando surge necessidade (algo pontual) mas evitando conversas antes ou depois das sessões. É importante que os pais respeitem o momento da Psicoterapia da criança e aloquem as suas questões para outros momentos.
E como funciona o Sigilo na Psicoterapia com crianças/adolescentes?
O/A psicoterapeuta irá manter as sessões com a criança/adolescente em sigilo e esse fato é essencial para o estabelecimento de uma relação de confiança. Neste sentido, a informação que os pais terão acesso não será específica das sessões, mas em relação às conclusões gerais sobre o avanço ou não do processo e aquilo que o Psicoterapeuta falar com os pais (ex: um contato dos pais sobre algo que aconteceu na escola), sem a presença da criança, será sempre comunicado à criança. As únicas exceções a este sigilo (desde o inicio explicado à criança/jovem) são as que se relacionam com os sinais de antecipação de algum tipo de perigo à sua integridade física.